Devido aos antagonismos sociais do século XIX − consequência da Revolução Industrial – os pensadores filosóficos e económicos como Karl Marx e Claude-Henri de Rouvroy – Conde Saint-Simon propuseram paradigmas [fundadores do Comunismo e Socialismo] no cânone da filosofia social com objectivo de resolver os graves problemas [principalmente opuseram-se contra a exploração do Homem pelo Homem] e determinar uma nova ordem social. É importante considerar que na data, a Europa inflamava-se em violentas revoltas por causa da situação de miséria em que viviam os operários – “a primavera dos povos” de 1848 começou em Paris e alastrou por toda a Europa. Por isto para a melhor compreensão do Comunismo e do Socialismo teórico-científico, em contraposição da sua concepção política mais contemporânea – na sua fórmula de Estado; temos que tomar em consideração as condições da sua origem – a exploração económica da burguesia e graves problemas sociais resultantes desta exploração humana.
No encaixe teórico, o que há em comum entre o paradigma Socialista e Comunista é a relevância dada à acção: o Homem é um ser activo capaz de alterar o seu meio social. A noção de que o homem esteve “separado da sua história”[1] impôs ao socialismo a ideia de que são avant-garde da força matriz transformadora no meio social e da natureza. Não seria despropositado considerar que as duas situações mais importantes na história recente de Cabo Verde [Independência e Democracia] verificaram-se porque os seus intervenientes agiram na vanguarda de certas ideias modernas extrínsecas, o que nos força a considerar que o Estado cabo-verdiano actual é duma forte matriz socialista, não negando o teor liberal introduzido na Constituição de 1992. Mas também há que encarar que muitos dos reformistas que opuseram ao regime mono partidário PAIGC/CV, fizeram-no com o propósito de enfraquecer o sistema que se encontrava asfixiado pelo fracasso económico e social[2].
É de observar que as reivindicações: políticas, sociais e culturais, antes e depois destes dois marcos históricos e da transformação do meio social cabo-verdiano, ocorreram devido aos protestos contra a situação de miséria social ou da iminência da fractura social – que segundo Roselma Évora está na origem da abertura política da década de noventa.
Se o conceito de Socialismo remete-nos para uma concepção de nivelamento das classes sociais, é evidente que as práticas políticas não foram direccionaram para este sentido objectivo da acção política. E hoje nos Estados modernos socialistas [os Estados Escandinavos são os expoentes máximos] a política social orienta-se e baseia-se na lógica da Providencia Social – da eliminação dos riscos exteriores que condicionam a realização individual, de acordo um determinado nível de bem-estar e na lógica de redistribuição da riqueza. Estamos pois agora no quadro de definição dum modelo adequado de Estado-Providência para Cabo Verde. Um modelo que não pode pôr em desequilíbrio o desenvolvimento e a redistribuição de riqueza, na medida em que o Estado deve orientar a redistribuição de riqueza e protecção do indivíduo em harmonia com o desenvolvimento do país – para que o Estado não fique sobre pressão e o desenvolvimento seja posto em risco.
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